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"œEu me sinto muito feliz e a amo muito", diz mãe de bebê com microcefalia

Ester nasceu há nove meses e está tendo acompanhamento com uma equipe multidisciplinar semanalmente

07/08/2016 08:58

Há nove meses, nascia a pequena Ester, filha de Mara Célia Alves da Silva e a mais nova entre quatro irmãos. Uma gestação aparentemente saudável e sem risco, mas que surpreendeu a costureira, de 38 anos, que até então nunca tinha ouvido falar de microcefalia, uma má formação irreversível do cérebro, que pode vir associada a danos mentais, visuais e auditivos. 

Mara Célia só soube que a filha tinha microcefalia após o nascimento (Foto: Moura Alves/ O Dia)

Assim que chegou à Maternidade Dona Evangelina Rosa, o médico solicitou um ultrassom e constatou que a cabeça da criança era menor que o tamanho recomendado, mas, naquele momento, não havia se cogitado que se tratava de microcefalia. E como Mara Célia não fez o acompanhamento de pré-natal, descobriu que a filha tinha essa anomalia somente no momento do parto. 
“Como eu não sabia o que era e nunca tinha ouvido falar de microcefalia, eu só tive medo dela morrer, aí começaram a aparecer outros casos e foi quando eu entendi o que estava acontecendo. No começo, o médico fazia muito medo, dizendo que ela tinha pouco tempo de vida, que talvez não resistisse e eu tinha medo de perdê-la, mas depois que as coisas foram acontecendo, eu passei a compreender melhor e fui ficando mais aliviada”, disse. 
Ester foi o nono bebê a nascer na Maternidade Dona Evangelina Rosa com microcefalia em decorrência da mãe ter sido infectada pelo vírus da zika. Mara Célia conta que a filha nasceu na época em que vários bebês começaram a apresentar a má formação e começou-se a discutir a relação da zika com os casos de microcefalia. 
Passados quase nove meses do nascimento da pequena Ester, a costureira garante que o sentimento pela filha cresce a cada dia e que não tem vergonha em assumir que a menina possui microcefalia. “Eu me sinto muito feliz com ela e a amo muito. Não me importo de falar que ela tem microcefalia, até porque se a gente não fala, outras mães que estão passando pelo mesmo que eu não terão informações e orientações do que fazer; então, ela está servindo de exemplo”, acrescenta Mara Célia. 
Acompanhamento especializado 
Três meses após receber o diagnóstico que Ester tinha microcefalia, a costureira Mara Célia buscou orientação na própria maternidade sobre o tratamento que a filha deveria ter e recebeu encaminhamento para procurar o Centro Integrado de Reabilitação (Ceir). Lá, a criança recebe acompanhamento com uma equipe multidisciplinar duas vezes por semana, exercitando, sobretudo, as funções motoras. 
“Antes, o acompanhamento era quatro dias na semana, mas agora são só dois dias, porque tem que seguir o estágio de três meses e depois seis meses, além da fisioterapia e psicólogo. Quando começamos, ela tinha apenas três meses, e, nesses seis meses, eu vejo uma evolução muito boa. A Ester era parada e agora está interagindo com a gente, já começou a sorrir, a querer pegar os objetos e o tratamento está ajudando muito. Os profissionais fazem os exercícios lá no Ceir e eu continuo aqui em casa. Sempre que posso, tiro um tempo para fazer os exercícios dela e, quando não dá, meu esposo ou meus filhos ajudam nessa parte”, disse. 
A costureira explica que a fisioterapia e o acompanhamento com os profissionais têm ajudado a filha a se desenvolver fisicamente e que os resultados futuros trarão benefícios à pequena Ester. Ela cita que uma colega sua teve uma filha com microcefalia, na época em que não se fala muito sobre essa má formação. Sem orientação, a criança não recebia tratamento e acabou estagnando. Recentemente, ela teve outro filho, também com microcefalia, mas desta vez buscou a ajuda no Ceir e é perceptível a evolução da criança.
Por: Isabela Lopes - Jornal O DIA
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